Misty Fest 2012 | FILHO DA MÃE, FRANKIE CHAVEZ & TÓ TRIPS

Aviso

FILHO DA MÃE, FRANKIE CHAVEZ & TÓ TRIPS

Em estreia absoluta: Filho da Mãe, Frankie Chavez e Tó Trips, três linguagens distintas na guitarra, três percursos muito particulares que desembocaram em trabalhos de absoluta exceção.

No final de 2011 tive a oportunidade de elaborar para a revista Blitz um pequeno dossier em torno de alguns novos valores portugueses da guitarra (que é algo muito diferente de «novos valores da guitarra portuguesa»… ). Filho da Mãe, que tinha lançado Palácio, Frankie Chavez, autor de Family Tree, e Norberto Lobo, cujo álbum Fala Mansa haveria mesmo de ser distinguido pela Blitz como o Melhor Álbum Português desse ano, foram os protagonistas desse dossier composto por entrevistas minhas e fotos assinadas por Rita Carmo. Pouco unia esses três guitarristas para lá do espaço que dividiram dentro da revista, mas como as respetivas sessões de fotos aconteceram quase em simultâneo acabei por desafiar os três músicos para uma foto conjunta. Pareceu-me, logo aí, que mais importante do que as diferenças era o amor partilhado por um mesmo instrumento.
Já em 2012, António Cunha da Uguru propôs-me o desafio de sugerir alguns nomes para o cartaz da próxima edição do Misty Fest. E uma das ideias que imediatamente me assaltou foi a que decorreu daquele momento: se Frankie, Filho da Mãe e Norberto podiam dividir espaço numa foto, era mais do que provável que o pudessem fazer igualmente num palco.
Aprovada a ideia pela Uguru, decidi então apresenta-la aos representantes dos músicos. Da primeira conversa com Nelson Gomes da Filho único, representante de Norberto Lobo, surgiu imediatamente um nome que só não foi inicialmente ponderado por não ter constado no tal dossier: Tó Trips, homem que possui ele mesmo um percurso próprio na guitarra para lá dos Dead Combo tendo editado um belíssimo Guitarra 66 que por si só justificaria a sua adição a este cartaz.
Depois das conversas com os representantes dos músicos – que acolheram a ideia com idêntico entusiasmo – percebeu-se então que da proposta inicial de um trio se tinha evoluído para um quarteto. Infelizmente, questões de agenda obrigaram finalmente a que os nomes no cartaz se alterassem, com a ausência de Norberto Lobo a dever-se «apenas» a concertos a acontecerem na mesma altura do outro lado do mundo, no Japão.
O elenco final deste espetáculo será, portanto, Filho da Mãe, Frankie Chavez, Tó Trips. Três linguagens distintas na guitarra, três percursos muito particulares que desembocaram em trabalhos de absoluta exceção. O subtítulo do espetáculo – Novas Guitarras Portuguesas – pretende sublinhar precisamente a emergência de uma nova sensibilidade para este instrumento, tanto em termos de executantes como de público: há muita gente interessada em ouvir esta abordagem particular a um instrumento tão global. Esta música é portuguesa, mas desta forma fala todas as línguas.
Neste espetáculo haverá encontros, diálogos, conversas, cumplicidades partilhadas e espaços para descobertas mútuas. Três guitarristas, três visões personalizadas de um instrumento que continua pleno de mistério. A 2 de Novembro, na Sala principal do Cinema São Jorge.

Rui Miguel Abreu / 2012