Bio.
Lura Canta Cesária Évora

 

“Este espetáculo que vai aquecer as noites de Outono do Misty Fest vai ser uma homenagem, uma viagem e uma celebração de uma das grandes vozes de África, de uma das mais fieis representantes da alma de Cabo Verde pela mão de uma sua filha espiritual…”

Cabo Verde é um daqueles tesouros inexplicáveis, um país pequeno, perdido no meio do Atlântico, tornado grandioso pela sua música. E na música de Cabo Verde, poucas vozes soaram mais fortes e chegaram mais longe do que a de Cesária Évora, a figura que inspira o novo espetáculo de Lura.

Aquela que é hoje uma das mais internacionais cantoras cabo-verdianas, conhece bem Cesária e até recorda o primeiro momento em que a ouviu: «Foi quando eu tinha 14 anos, numa festa onde passou o tema  “Bia de Lulutcha”», recorda Lura. «Até então eu nunca tinha ouvido uma voz tão bonita, tão imponente e cristalina. Perguntei à minha mãe quem era a cantora, ao que ela me respondeu: “é a Cesária Évora”. E contou-me um pouco da história desta cantora».

Nessa altura, Lura ainda não podia imaginar que haveria de pisar muitas vezes o mesmo palco que a grande diva – foi muitas vezes a voz escolhida para abrir espetáculos de Cesária e juntas chegaram mesmo a assinar alguns duetos. Lura começou por se fazer notar ainda nos anos 90, no projeto Red Hot + Lisbon, quando as cores quentes da sua música puderam mostrar-se a uma audiência mais global, percurso que a levou a recolher muitos elogios além-fronteiras. Esses aplausos, entretanto, não têm parado de se suceder. José Eduardo Agualusa apontou luz no futuro de Lura, falando do fulgor das grandes canções, e Michael Church foi um dos críticos internacionais a render-se à sua voz, referindo os estádios como a medida certa para o seu sucesso de público. Tudo isto faz de Lura a sucessora natural de Cesária Évora. E o seu novo espetáculo assume-se como uma sentida vénia a Cesária, uma homenagem que precisou de tempo para ser colocada de pé. E de distância para fazer sentido.

«A música da Cesária Évora tem a força da identidade Cabo Verdiana. Das emoções da partida, do reencontro, do ter que partir quando se quer muito ficar juntos dos mais queridos, mas também da vivacidade e alegria naturais do povo cabo-verdiano. Para mim ouvir a sua música é reviver com nostalgia momentos e histórias que nunca vivi», adianta Lura, indo ao fundo do grande impulso para este seu novo espetáculo.

«A escolha do repertório foi a tarefa mais difícil! Em menos de um minuto já tinha mais de 30 temas que não podia deixar de cantar neste espetáculo e ainda assim tive que selecionar», lamenta Lura.  «O que pesou foram os temas que mais me marcaram, os temas que para mim ressoam constantemente por entre as rochas de Cabo Verde:  “10 Grãozinhos di Terra”, “Mar de Canal”… Quando viajo de carro por S. Vicente,  Sto Antão ou quando ao chegar de avião a imensidão do Oceano me faz ouvir “Mar Azul”», vai dizendo a voz de «Na Ri Ná», deixando entender como chegou ao reportório de Cesária que agora transforma em palco. «Pesam também os temas que mais vezes a ouvi cantar ao vivo, mas também quis colocar os temas que qualquer admirador da Cize vai querer ouvir, como o “Sodade”, “Nutridinha”, “Sangue de Berona”…». Este espetáculo que vai aquecer as noites de Outono do Misty Fest vai ser uma homenagem, uma viagem e uma celebração de uma das grandes vozes de África, de uma das mais fieis representantes da alma de Cabo Verde pela mão de uma sua filha espiritual.

Lura canta Cesária. E nós só podemos ouvir e aplaudir.