A cantora e compositora paulistana Anna Setton apresenta o seu terceiro álbum O Futuro É Mais Bonito nos palcos do Misty Fest. Depois de uma tour internacional que teve início em abril, em Lisboa e que a levou a alguns palcos da Europa, Anna regressa à capital portuguesa e também ao Porto para apresentar o seu espetáculo em formato de quarteto.
Editado em março deste ano pela editora alemã Galileo Music, O Futuro É Mais Bonito tem vindo a conquistar a crítica, recebendo grande atenção internacional, com destaques e entrevistas em vários meios, assim como honra de capa de várias revistas como é o caso da austríaca Concerto.
Este novo trabalho de Anna foi gravado no Recife com os préstimos de vários nomes de prestígio, casos do produtor e compositor Barro e Guilherme de Assis, ou ainda de João Camarero, Ed Sataudinger, Juliano Holanda, Igor de Carvalho, Edu Sanginardi e Rodrigo Campello. Com a ajuda desses profissionais que entendem como inovar os moldes clássicos da MPB, Anna canta palavras da sua própria autoria, firmando-se cada vez mais como autora.
Anna Setton é uma artista, cantautora e instrumentista de S.Paulo formada no lado mais interessante da MPB: moldou a voz a cantar nos clubes de São Paulo, correu mundo a acompanhar o enorme Toquinho, colaborou com Omara Portuondo, Sadao Watanabe, Mestrinho, entre muitos outros músicos da atualidade. Percurso que lhe deu o balanço certo para se estrear em disco em nome próprio em 2018, com um homónimo registo que lhe sublinhou o óbvio talento. A pandemia inspirou-a a pegar no violão e a fazer lives semanais onde ia entregando a sua voz a grandes tesouros da canção popular brasileira. Tal disciplina levou-a a fazer Onde Mora meu Coração, álbum de certeiras versões onde se inclui, por exemplo, a belíssima “Morena Bonita”, de Toninho Horta.
Doze anos depois de se ter apresentado na segunda edição do Misty Fest, na altura ainda Sintra Misty, John Grant está de regresso, desta vez com o seu mais recente trabalho Boy From Michigan.
John Grant é, justamente, um dos mais celebrados e consagrados cantautores do nosso tempo, um artista que o histórico NME afiança ter no seu último trabalho criado uma obra “de assombrosa beleza”. De facto, Boy From Michigan, um disco produzido por Cate Le Bon e criado “logo no início do pesadelo da pandemia e durante toda a campanha presidencial”, diz, é um registo extraordinário de um artista que cuida de se reinventar a cada novo passo. E será esse o trabalho que agora trará a Portugal para um muito aguardado concerto. Para Grant, o confinamento foi em grande parte académico. É um homem de natureza insular e retirou-se da sua América natal em 2011, indo viver para a Islândia.
Grant conheceu Le Bon quando atuaram no Park Stage em Glastonbury em 2013 e rapidamente se tornaram amigos e fãs do trabalho um do outro. Posteriormente, ela fez um dueto com Grant no Royal Albert Hall em 2016 e John retribuiu o favor no Green Man em 2018. Falaram muitas vezes sobre a possibilidade de Cate produzir um álbum para ele. “A Cate e eu somos ambos pessoas com muita força de vontade, o que é excelente”, diz Grant. “Fazer um disco é difícil num dia bom. O stress crescente das eleições e da pandemia começou realmente a afetar-nos no final de Julho e Agosto. Por vezes, foi um processo muito stressante, dadas as circunstâncias, mas também cheio de muitos momentos incríveis e alegres”.
Na última década, John Grant afirmou-se como um dos grandes cronistas musicais do Sonho Americano. “Estas canções são viscerais para mim. Acabamos por ficar a marinar no espírito do sítio onde crescemos. Há pessoas que se sentem bem com isso”. E a recompensa é nossa que podemos dessa forma, através das suas canções, entender um pouco melhor a vida e a cultura contemporânea. E não apenas através de uma perspectiva americana já que o amor, a esperança, a perda são preocupações universais para que qualquer pessoa procura respostas. Boy From Michigan é já o quinto álbum na bem recheada carreira a solo do ex-The Czars, mas desde 2020 o cantautor não tem estado parado. Lançou novos singles, o mais recente dos quais o belo Bungalow, o Ep Bolero e, claro, a fantástica versão do clássico folk God’s Gonna Cut You Down usado como tema do genérico da série da BBC “Inside Man”. Tudo boas razões para não o perder ao vivo em 2023.
Veja aqui o espetáculo ao vivo de Boy from Michigan
Nadine Khouri, artista anglo-libanesa cujo trabalho tem sido altamente elogiado pela imprensa internacional, prepara-se para apresentar o seu mais recente álbum, Another Life, no Misty Fest.
“Perfumed traces of Galaxie 500, Mazzy Star and Cocteau Twins…
a wonderfully spectral incantation”
UNCUT
A artista anglo-libanesa Nadine Khouri conheceu John Parish (PJ Harvey, Eels, Sparklehorse…) há cerca de 10 anos, altura em que o produtor britânico a desafiou a cantar em “Baby’s Coming” (faixa de “Screenplay”, de 2013) antes de gravar e produzir o seu primeiro álbum “The Salted Air”* (2017), trabalho que, entretanto, granjeou justo culto.
A gravação do seu segundo longa-duração, “Another Life”, igualmente produzido por John Parish), aconteceu durante a pandemia de Covid-19 e foi naturalmente marcada pelas descargas emocionais provocadas pelas duas poderosas explosões no porto de Beirute no início de Agosto de 2020. “A pandemia instalou-se precisamente quando os ensaios estavam prestes a começar, quando queríamos uma gravação rápida destas novas canções. De repente, o mundo congelou, nada podia continuar como planeado”, recorda Nadine.
No interior da capa do álbum, uma fotografia tirada por Steve Gullick revela, por detrás de Nadine Khouri, a extensão de uma cidade mediterrânica branqueada pelo sol, Marselha, onde a artista atualmente reside. Uma cidade de milhares de vidas, milhares de memórias e milhares de histórias, um teatro onde ressoa o percurso de Nadine, a alegria, a tristeza, o arrependimento, o exílio, o desafio ou o desejo – marcas que alimentam a sua música. “As canções surgem-me muitas vezes como imagens de filmes que tento exteriorizar”, explica. “Presa entre quatro paredes, este período de isolamento levou-me a olhar para o meu passado, a recordar pessoas próximas que desapareceram, momentos passados que estão agora longe de mim. Escrevi para não esquecer, para não deixar desaparecer”.
Com as restrições levantadas, Nadine Khouri e John Parish encontraram-se em estúdio para finalmente gravar o álbum como planeado originalmente, com a ajuda de vários músicos de renome. Deste período de incerteza emergem composições de uma beleza cativante. A produção de John Parish dá um fôlego majestoso a estas canções impressionistas, e à voz de Nadine Khouri. Ao vivo, essa presença singular e qualidade artística distinta tornam-se ainda mais evidentes, tal como tem vindo a ser destacado em críticas elogiosas de publicações de referência como a Mojo ou a Uncut.
O trompetista Matthew Halsall regressa a Portugal com um novo trabalho que terá apresentação ao vivo na Casa da Música, Porto e no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O concerto do CCB será duplo, com Makaya McCraven a apresentar-se na mesma noite. O mesmo bilhete dá acesso aos dois concertos.
Matthew Halsall, homem do leme da Gondwana Records, prepara-se para regressar ao nosso país com um novo projeto. O aclamado trompetista, de quem se diz ter conseguido a proeza de cruzar os universos de Pharoah Sanders e Cinematic Orchestra, prossegue na sua demanda pelos terrenos mais espirituais do jazz com “An Ever Changing View” que é já o décimo título na sua discografia em nome pessoal.
Ao vivo, Matthew apresenta-se à frente de um reputado ensemble de músicos baseados em Manchester como Matt Cliffe (saxofone & flauta), Alice Roberts (harpa), Jasper Green (piano), Gavin Barras (baixo), Alan Taylor (bateria) e Sam Bell percussão. O igualmente renomado Chip Wickham é o saxofonista e flautista convidado deste expansivo ensemble.
No novo concerto, além de refinado material do seu novo álbum, Matthew Halsall viaja pela sua já considerável discografia, explorando o jazz a partir de uma moderna sensibilidade, nunca esquecendo que o espírito e o corpo estão sempre ligados.
Recordamos o trabalho anterior de Matthew Halsall com o vídeo Salute to the Sun.
O Misty Fest regressa com a sua 14ª edição no próximo mês de novembro e o primeiro nome anunciado é Makaya McCraven, um dos principais protagonistas do atual movimento de renovação do jazz que tem polos em cidades como Los Angeles, Chicago ou Londres.
O produtor e baterista Makaya MacCraven tem lançado aplaudida discografia em nome próprio através da conceituada International Anthem, mas tem igualmente respondido a chamadas de outras importantes editoras de ambos os lados do Atlântico. O músico que em 2018 respondeu à pergunta “Where We Come From” com um álbum com o mesmo título e a designação paralela “Chicago Vs. London Mixtape” trabalhou logo aí com conceituados solistas como Kamaal Williams ou Nubya Garcia. No mesmo ano, “Universal Beings” confirmou-lhe o vigor de toda a sua visão musical, prosseguindo a sua via de cruzamento do jazz com o hip hop e outras linguagens.
Em 2020, a londrina XL Recordings desafiou-o a remisturar e reimaginar o derradeiro álbum de Gil Scott Heron com o resultado, “We’Re New Again”, a conquistar generalizado aplauso da imprensa. Seguiu-se, na sua já vasta discografia, o desafio da histórica editora de Nova Iorque Blue Note para decifrar a mensagem retrabalhando uma série de clássicos do seu mítico catálogo, de Wayne Shorter a Art Blakey. E para isso convidou novos valores do jazz como Jeff Parker, Matt Gold ou Junius Paul. Participou também em “The Chicago Experiment” ao lado de gigantes modernos como Marquis Hill ou Joel Ross e já em 2022 lançou o seu projecto mais ambicioso e também mais aclamado, “In These Times”, um dos registos do ano em muitas publicações especializadas em jazz. Agora, o visionário músico estreia-se em Portugal, mostrando que o presente e o futuro são mesmo o seu tempo, com o que será, certamente, um dos mais aguardados concertos do ano.